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Foto do escritorVasconcelos Reis Wakim

Efeitos de curto e longo prazo na criminalidade nas regiões de Jequitinhonha e Mucuri em MG.

Atualizado: 21 de mai.

Prof. Vasconcelos Reis Wakim

Dr. em Economia Aplicada


Neste texto técnico, busco analisar os efeitos de curto e longo prazo da criminalidade entre as regiões do Jequitinhonha e do Mucuri, com o intuito de identificar a magnitude dos efeitos que ocorrem em uma região (Jequitinhonha) e como pode afetar uma outra região (Mucuri) ou vice-versa.


Para fazer esta análise, analisamos as séries temporais agregada dos municípios de cada uma das duas regiões citadas (Jequitinhonha e Mucuri) entre os anos de 2000 a 2021, disponíveis no site da Fundação João Pinheiro, através do Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS).


Como metodologia utilizamos a ferramenta denominada de Vetor de Correção de Erro (VECM) que busca fazer esta análise de impacto do curto e de longo prazo, bem como demonstrar a velocidade de ajustamento que os eventos podem afetar as regiões analisadas.


Elaboramos um gráfico de linhas com as duas variáveis das regiões estudadas. Este pode ser visto abaixo.


Em uma primeira análise, constatamos que ambas as variáveis apresentam comportamento semelhante ao longo do tempo, sugerindo que possivelmente elas sejam co-integradas. Isto implica em dizer que, os efeitos ocorridos em uma regiões com muita certeza, irão afetar, no longo prazo a outra. Assim, por exemplo, aumentando a criminalidade no Jequitinhonha, a criminalidade no Mucuri, tenderá a aumentar.


Após esta identificação gráfica, fizemos o chamado teste de estacionariedade da série por meio do Teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF) e constatamos que ambas as séries são estacionárias apenas na segunda diferenciação, logo elas são denominadas de I(2).


Após o teste de estacionariedade verificamos se as séries de fatos são co-integradas. Para isto, realizamos o teste de Engle-Granger, e constatamos que elas de fato apresentam o comportamento de co-integração. Na sequência, testamos para definir a quantidade de lags a serem utilizados na modelagem, e após identificação por meio dos critérios de seleção de Akaike, Hanna-Queen e Schuarz, optamos por 4 defasagens no modelo VEC.


Uma vez definida estas etapas iniciais, que são cruciais para uma boa interpretação dos resultados a serem encontrados, estimamos um modelo de curto e de longo prazo, para identificarmos a magnitude dos efeitos e o tempo que ele levaria para afetar as regiões estudadas.


Iniciamos a modelagem estimando o modelo de LONGO PRAZO. Como resultado obtemos a seguinte expressão matemática (equação 1):


LogJequitinonha = -0,010 + 0,50LogMucuri


Esta equação demonstra que, no longo prazo, havendo um aumento de 1% na criminalidade na região do Mucuri, a criminalidade no Jequitinhonha também será aumentada, no entanto o efeito será de 0,50%.


Por sua vez, estimamos o modelo de CURTO PRAZO. Neste modelo, por definição, temos que inserir o termo de erro da equação do Longo prazo. Este coeficiente tem como objetivo medir a velocidade que os efeitos em uma região irá afetar a outra. O resultado deste cálculo pode ser visto na equação (2).


LogJequitinonha = -0,012 + 0,47LogMucuri - 0,63 ECT


Analisando a equação (2) do curto prazo, identificamos que havendo um aumento de 1% na criminalidade no Mucuri, promoverá um incremento no Jequitinhonha na ordem de 0,47%. Mas, analisando o coeficiente da variável ECT (do vetor de correção de erro) constatamos que a velocidade de ajustamento entre as variáveis de criminalidade entre curto e longo prazo é de 63%.


Foi realizado nos termos de erro testes para identificar problemas de autocorrelação serial dos resíduos e se os mesmos são ruídos brancos (white noise). Em ambos os casos os testes demonstraram robustez, indicando ausência de autocorrelação serial dos resíduos e que os mesmos são considerados ruídos brancos. Estes são pressupostos essenciais para as análises a serem feitas.


Isso quer dizer na prática que, considerando o espaço temporal de 1 ano desta análise, os efeitos que ocorrerem em termos de criminalidade na região do Mucuri, dentro de 1 anos, tende a afetar a região do Jequitinhonha, cerca de 63% deste evento. Ou seja, aumentando, no longo prazo, 0,47% as taxas de criminalidade do Jequitinhonha, as do Mucuri tendem a aumentar cerca de 0,30% dentro de 1 ano.


Assim, cabe destacar, considerando a integração entre as duas regiões estudadas, cabe aos gestores públicos (prefeitos), bem como a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) desenvolverem ações de combate à criminalidade nas duas regiões, uma vez que, ambas contemplam cerca de 107 municípios, totalizando cerca de 1,5 milhões de habitantes segundo dados do Censo do IBGE (2020).




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